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Viver é adaptar-se



29 junho, 2020
Autoconhecimento

Creio que muitos de nós nunca paramos para pensar em quantas situações na vida temos que nos adaptar. Nossa adaptação começa quando estamos dentro da barriga de nossas mães, uma vez que vamos crescendo e nosso espaço vai diminuindo, começamos a nos mover o tempo todo, até que finalmente temos que nos “mudar” dali. Então passamos a nos adaptar à vida fora do útero de nossas mães, aprender a andar, comer, tomar banho e por aí vai. Sempre com a ajuda de alguém vamos nos desenvolvendo e adaptando. O restante de nossas vidas não é muito diferente, temos que estar sempre nos movendo e com a ajuda de alguém, sejam pais, amigos, psicólogos… vamos nos adaptando às novas situações que aparecem e assim seguimos.

 

Eu sempre gostei de viajar e explorar tudo o que o meu destino tem a oferecer, novas comidas, cheiros, maneiras de se portar, falar, vestir… cada pedacinho desse mundo tem sua particularidade. Feliz daquele que consegue se adaptar, assim poderá viver plenamente a experiência do lugar que está visitando.

 

Me lembro bem quando me mudei para o Rio de Janeiro: todo mundo lá comia sushi, e na época, em Belo Horizonte, comida japonesa não era assim tão popular… então tive que aprender a comer sushi. Confesso também que, apesar de não ser “maria vai com as outras”, naquela ocasião achei pertinente me adaptar àquele novo costume. Foi uma dificuldade imensa no começo… só de pensar naquele peixe cru com shoyo na minha boca já me dava mal-estar!  Eram sempre dois sushis na boca e logo em seguida meia latinha de coca-cola pra ajudar a descer… Hoje em dia amo. E ainda tive a oportunidade de criar boas memórias comendo sushi com pessoas queridas, que se tornaram momentos preciosos pra mim. Ao me forçar na adaptação do novo, ainda aprendi mais uma coisa nova: que se eu quiser tirar o gosto de peixe cru da boca basta comer também o gengibre!

 

Interessante como grande parte de nossa vida é assim também, como meu sushi com coca-cola: você tem que achar uma maneira pra conseguir “engolir” o desconforto até que aquilo se torne normal, mais fácil e muitas vezes até mesmo prazeroso para você. Se a gente não se esforça para se adaptar a algo que a princípio não é lá muito convidativo, podemos fechar as portas para um futuro muito gratificante.

 

Já morei em diferentes lugares do Brasil e nos últimos nove anos estou em Los Angeles, nos Estados Unidos. A mudança de país requer de você uma adaptação maior ainda. Desde coisas simples, como subir uma escada movimentada, passando por como atravessar a rua, até o desafio de aprender o novo idioma, criar novos hábitos alimentares.

 

Nenhuma mudança é fácil, mas algo que ficou pra mim: se você ficar somente comparando o novo com o que você estava acostumado a ser ou a fazer, seu processo de adaptação será ainda mais demorado e dolorido.

 

Quando cheguei aqui, não sabia nem perguntar as horas em inglês… eu tentava falar algo em inglês e só escutava “Whhaaat?” (O queeee?) e minha única resposta era “nevermind” ou “forget about it”… que basicamente quer dizer “deixa pra lá”.

 

Eu tinha medo de repetir a frase errado de novo e me sentir ainda mais julgada e rejeitada. Daí um dia alguém me falou uma coisa que mudou minha perspectiva. O conselho grudou na minha mente: “você tem que pensar igual criança, falar errado e se deixar corrigir, senão você nunca vai falar fluentemente o inglês”.  A partir deste momento eu falava e repetia até a pessoa entender.

 

Um conselho teoricamente simples, mas que serve pra vida… esse alguém aí estava me ensinando sobre vulnerabilidade.

 

É incrível como nós perdemos tempo tentando nos proteger do julgamento dos outros, ou tentando provar que somos perfeitos!  Felizmente, aprendi que a gente só tem controle do que falamos e como reagimos às situações, a gente não pode controlar como os outros reagem ao que fazemos. E realmente entender isso é libertador!

 

A ideia de sermos eternamente aprendizes como as crianças é um ótimo conselho e ajuda muito no processo de adaptação, para explorar sem medo de ser decepcionar, testar coisas novas, provar novos sabores.  Viver os acontecimentos com a curiosidade e a leveza de uma criança é realmente um maneira autêntica de explorar a vida.

 

Adaptação é um processo eterno e contínuo de estar aberto ao novo, de deixar de lado o pré-julgamento. Afinal, você nunca sabe quais coisas boas estão à sua espera ao mudar algum comportamento, visão de mundo ou situação de vida.

 

E, se no final você não gostar, é só mudar de novo! Há solução para todas as coisas debaixo do sol, só precisamos parar, respirar e pensar um pouco.

 

Curiosamente, escrevo esse texto em meio à caixas e malas, pois estamos de mudança para uma nova casa em uma outra cidade dos Estados Unidos. Em breve começo mais uma fase de adaptação na minha vida. Um mergulho de novos costumes, clima, comida, pessoas e cultura. Como estou? Não vejo a hora!

 

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MARI PAWELA

Mari Pawela é uma mineira construindo a vida nos Estados Unidos. Publicitária de formação tem a profissão de produtora no coração. No Brasil trabalhou na TV Alterosa e em instituição bancária, mas abandonou tudo para aprender inglês nos EUA, um trajeto que seria de apenas 3 meses já tem quase 10 anos e no meio de tudo, há cinco anos conheceu o amor da sua vida. Nessa jornada ela tem aprendido bastante sobre como se adaptar e ser vulnerável todos os dias.

 

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