“O sistema econômico me pressiona a expandir e diversificar minha carteira de investimentos, mas me dá zero incentivo para expandir e diversificar minha compaixão. Assim, eu em esforço cada vez mais para entender os mistérios da bolsa de valores e cada vez menos para compreender as causas profundas do sofrimento.” Yuval Harari

À medida que a inteligência artificial (IA) avança, somos desafiados a nos tornar humanos melhores. Justamente demonstrando aquelas características que a IA não pode substituir.

Não é que uma coisa independa da outra. Os avanços da IA acontecem pelas ações dos humanos, é claro. E é exatamente por isso, que precisamos nos desenvolver juntos e talvez um pouco antes dela. Se é que isso seja possível, pois me parece que estamos atrasados.

No modelo de inteligência emocional (IE) apresentado por Daniel Goleman, temos quatro pilares que se relacionam: autoconsciência, autogestão, consciência social e o gerenciamento de relacionamentos. Creio que o desenvolvimento da consciência humana, passa pelo desenvolvimento da IE.

A autoconsciência significa compreender minhas emoções e sentimentos, saber minhas forças e pontos de melhoria. Quer dizer estar ciente de quem eu sou e de como minhas ações e emoções impactam o ambiente circundante.

A autoconsciência é fundamental por exemplo, para compreendermos se estamos agindo por uma mera satisfação do ego, ou por algo que impactará positivamente um maior número de pessoas. Ao desenvolver por exemplo uma nova tecnologia, precisamos perceber, compreender o entorno e avaliar se é verdadeiramente útil, como vai impactar todos os envolvidos, se é ética.

“(…) não há motivo para supor que a inteligência artificial vá desenvolver consciência, porque  inteligência e consciência são coisas muito diferentes. Inteligência é a aptidão para resolver problemas. Consciência é a aptidão para sentir coisas como dor, alegria, amor e raiva.” Yuval Harari

A consciência social, por sua vez, está relacionada à percepção que temos sobre o nosso impacto no mundo. Nos relacionamentos. Como nossas emoções e ações impactam no nosso entorno (autoconsciência) e como lidamos com isso. Ler cenários diversos, perceber as correntes políticas e as formas ideais de se relacionar num ambiente, grupo ou sociedade.

A autogestão está associada ao uso que fazemos das nossas capacidades e como lidamos com nossos pontos de melhoria.  Quanto temos investido em nosso autodesenvolvimento. Aqui é o caso de pensar, por exemplo: como tenho acompanhado os movimentos no mercado de trabalho e no mundo? Eu protagonizo a mudança, ou sou empurrado e arrastado pelos acontecimentos?

Quem faz a autogestão, usa sua autoconsciência para administrar as suas emoções, provocando impacto positivo em si mesmo e nos outros.

A gestão dos relacionamentos aparece com os nomes de liderança, relacionamento interpessoal, entre vários outros, e é apontada como uma competência fundamental. Estar sintonizado emocionalmente com os outros, o que significa não sofrer de surdez emocional.

Se a IA for desenvolvida e gerida por humanos que possuam essas quatro competências bem desenvolvidas, será bem provável que tenhamos inovações tecnológicas que sirvam à sociedade e não que a escravize.  

O caminho, acredito, não é resistir às mudanças e aos avanços da tecnologia e sim avançarmos como uma sociedade que se torne cada vez mais comprometida com o bem-estar coletivo, com as iniciativas que beneficiem um maior número de pessoas e que promovam o bem-estar e o desenvolvimento intelectual, emocional e espiritual.

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