Nunca se falou tanto em saúde e bem-estar no trabalho, nunca se discutiu tanto sobre os limites do esforço pela produtividade. O advento da Pandemia da Covid-19 antecipou e acelerou algumas tendências, como essa: adotar políticas de gestão de pessoas, que considerem o ser humano como um todo, sua saúde e bem-estar.
Em 2019, pela primeira vez, o FEM (Fórum Econômico Mundial) indicou o bem-estar psicológico do indivíduo como um dos fatores de risco à economia global. E a OMS (Organização Mundial de Saúde) elencou a saúde mental como prioridade absoluta para os próximos anos. Não por acaso: a depressão por exemplo, se apresenta como um dos maiores fatores incapacitantes no trabalho.
A psicologia positiva, a neurociência e outras disciplinas aplicadas ao contexto organizacional, avançam em suas pesquisas comprovando que pessoas saudáveis e felizes trabalham mais motivadas e satisfeitas, gerando melhores resultados.
Corroborando com essa informação, uma pesquisa da HBR (Harvard Business Review) indica que funcionários infelizes têm produtividade 18% menor, esse grupo gera 16% menos lucro, aumentam em 49% os acidentes no trabalho e têm registros 37% maiores em absenteísmo.
Está comprovado então que investimento em práticas de Wellness & Health, nas organizações representam um importante investimento não só pela saúde dos times, como para a sua saúde econômica.
O caminho para a implementação de uma gestão pautada nesse cuidado integral, no entanto, é longo e exige muitas vezes, mudanças significativas na cultura e valores da organização. Organizações que avançam nesse quesito, têm investido na contratação de especialistas sobre o tema, nas figuras de cargos como: CHO (Chief Health Officer) e CMHO (Chief Mental Health Officer).
Além disso, algumas optam pela adoção de aplicativos e/ou plataformas para a gestão de pessoas, que apoiam as ações nesse intento: avaliando o nível de humor do funcionário, sugerindo rotinas adequadas, oferecendo canais de comunicação para conversas sobre temas sensíveis, entre outras.
Há relatos em algumas empresas por exemplo, sobre a adoção dos “socorristas em saúde mental”: representados por colaboradores da própria empresa, que por possuírem características importantes como boa escuta e outras habilidades relacionadas ao acolhimento necessário, ouvem os funcionários que estão passando por alguma dificuldade e dão orientações ou fazem os encaminhamentos necessários.
As corporações devem ter em mente que investir na saúde e bem-estar dos seus times não deve ser uma prática para sanar o mal causado e sim, uma reflexão e definição de ações concretas que evitem o adoecimento.
Os profissionais por sua vez, devem ficar atentos ao fato de que também devem cuidar do seu bem-estar, o que significa se alimentar bem, investir na prática de atividades físicas e outras salutares, estabelecer limites e entender que às vezes não se trata de encontrar opções para aumentar a produtividade e sim descansar!
*(texto original publicado no Estadão em 25 de julho de 2021).
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CYNARA BASTOS
Cynara Bastos é psicóloga e inspiradora de pessoas, que tem como missão promover a autoconsciência, permitindo que os seres humanos reconheçam seus dons e que possam, por meio deles, gerar riqueza intelectual, espiritual e financeira.
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