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De onde vim



7 fevereiro, 2020
Arte

Sempre desenhei. Para mim, o desenho ocupa um lugar de espaço-tempo entre um mundo de ideias abstratas e o mundo material. Ao desenhar me sinto em trânsito entre esses não-lugares. É um sentimento de poder ser aqui e mergulhar em outras experiências ao mesmo tempo.

Em termos práticos, diversas escolhas da minha vida foram pautadas por essa habilidade. Ter que escolher um caminho acadêmico convencional foi um grande desafio… Artes ou biologia? Medicina ou Design? O hábito de rabiscar os fundos dos cadernos foi a voz orientadora dessas primeiras escolhas.

Hoje percebo que existia nas dúvidas a ânsia de materializar os devaneios rabiscados. Extrapolar a superfície plana e transformar traços em formas sólidas palpáveis.

No design de moda desenhei, mas fui além ao projetar, modelar, tecer, alinhavar, costurar. Em determinado momento, o objeto que veste se tornou insuficiente pra mim, e expandir a escala se tornou necessário. Encontrei o sólido que abriga, ocupa, transforma, exclui. A arquitetura, carregada de histórias e formas, técnicas e precisões. A união do traço abstrato conceitual com a física racional.

Depois de um tempo, permanecer nas necessidades individuais também não fazia sentido e logo pensar a cidade se tornou urgente pra mim. Fluxos, ocupações, mobilidade, público-privado. A linguagem da paisagem a ser tecida por vidas em trânsito.

Comecei a escutar um som vazio. Fachadas entediantes que encaram o cotidiano. Muros tristes entendiam esquinas. Viadutos cinzas entristecem as ruas. Não fazia sentido tanta monotonia.

Comecei a perceber pelos cantos suspiros em cores. Paredes antes nuas rapidamente se alegravam com tinta. Mensagens em formas desenho despertavam a curiosidade e frases de revolução enchiam o olhar.

Tinha virado (também) uma pintora muralista.

À margem do permitido, a arte urbana pertence mais que o intencionado. Sãos os tons vividos ou apáticos, alegrias ou tristezas. A voz urgente e impossível de ser calada.

Mas, mais do que isso, pra mim é uma ferramenta transformadora da paisagem.

Meu nome é Laura, e me apaixonei pelo possível.

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Laura Loli é designer e arquiteta urbanista de formação, mas seu caminho artístico é construído com ferramentas multidisplinares. Como pintora muralista, desde 2017 Loli vem ampliando a sua escala de intervenção, através de tinta e traço, em muros e paredes em expansão. Já participou de pinturas e exposições com diversos artistas e, a cada dia, busca experimentar, inovar e aprimorar. Criada em uma cidade abraçada por serras e belos refúgios naturais,
Laura teve a oportunidade de transitar frequentemente entre natureza-urbano. Dessa forma, seu trabalho tem origem em conceitos integrados, foge da finalidade apenas estética e adentra na complexidade da natureza. Loli procura celebrar as estações, as sazonalidades, as mudanças. Acredita que nos conectamos pelas emoções e que, com paixão e criatividade, é possível curar nossas relações com os outros, a natureza e com nós mesmos. Sua trajetória artística é guiada com o propósito de possibilitar a integração sensível entre homem e natureza, razão e sentimento.

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