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Ser ou parecer – viver na superfície ou mergulhar



11 janeiro, 2021
Autoconhecimento

Modernidade líquida, sociedade do espetáculo, sociedade do cansaço, revolução tecnológica, disrupção, sociedade 5.0, love economy, capitalismo consciente, hipercapitalismo. Essas são algumas expressões muito comuns no nosso dia-a-dia que denotam realidades, possibilidades, riscos, oportunidades. Mais ou menos impactados ou conscientes, seguimos construindo nossas histórias.

Nesse contexto das grandes transformações e desafios, ficam as perguntas: sabemos (ser) quem realmente somos? o que queremos de verdade? estamos decidindo conscientemente o que queremos, por que e quando?

Na sociedade do espetáculo, de acordo com Guy Debord, o parecer é mais importante do que o ser. Passamos do ser para o ter e agora para o parecer. Parecer ter e parecer ser.

“A necessidade de espetacularizar tudo é uma vontade de transformar tudo em algo mais controlado e controlável.”

Mas e se o único controle possível seja sobre quem efetivamente você é? E sobre a necessária tomada de consciência sobre quem você é e o que faz sentido para você?

Na sociedade do cansaço, temos sido algozes de nós mesmos. Não respeitamos nossos próprios limites, não nos permitimos as pausas. Nas palavras de Byung Chul – Han:

“somos proibidos de descansar, de viver momentos que efetivamente nos levariam a essa tal produtividade que nada tem a ver com noites em claro e uma vida com pouco tempo para luxos com o lazer.”

Quanto temos respeitado o espaço interno dos outros e o nosso? Quanto temos, como pessoas ou organizações, respeitado a singularidade de cada um? O que podemos fazer para que esse “espetáculo” não culmine com seres esgotados e sem alma?

Byung Chul – Han nomeia o sujeito do desempenho, que vem falar sobre esse protagonismo exacerbado, um empreendedor de si mesmo, que se explora, que se exige produzir cada vez mais, numa quase incapacidade de se satisfazer com o que quer que faça. Assim, se torna algoz de si mesmo, pois “a autorrealização se equipara a autodestruir-se”, nessa busca sem limites pela autossuperação.

É importante que reconheçamos a importância do cansaço, do respeito à necessidade das pausas, para refletir e às vezes simplesmente parar.

Importante não nos seduzirmos pelas respostas rápidas, sabermos nos acalmar e tomar decisões quando estamos em equilíbrio e considerarmos todas as informações possíveis. Embora estejamos vivendo num mundo tão veloz, inclusive nas mudanças, isso não quer dizer que devamos seguir a correnteza no caminho da inconsciência, sem refletir acerca das nossas escolhas, por exemplo.

Não temos que ser, como bem nos lembra Byung Chul – Han, seres superprodutivos que exploram a si mesmos até as últimas consequências, como se isso fosse sinônimo de “protagonismo” ou produtividade.

No livro Sociedade do cansaço, o autor nos relembra as três tarefas para as quais Nietzsche disse que precisávamos de educadores: aprender a ler, aprender a pensar e aprender a falar e escrever.

Sobre o pensar: só podemos pensar quando nos damos tempo para isso, mas temos sido proibidos de descansar e de viver momentos que nos permitiriam vivenciar a “verdadeira produtividade” que nada tem a ver com noites em claro e uma vida sem pausas e lazer.

O que representa exatamente a falta de capacidade produtiva e o que é esgotamento? De acordo com Handke: “o cansaço fundamental é tudo menos um estado de esgotamento no qual estaríamos incapacitados de fazer alguma coisa. É apresentado antes como uma capacidade especial. Ele inspira. Faz surgir o espírito”.

Termino esse texto propondo que tomemos maior consciência sobre quem somos, o que estamos fazendo e qual impacto temos causado nas outras pessoas e no mundo. Que escolhamos viver na profundidade, que façamos mergulhos intensos no SER e, assim, saibamos criar uma realidade que cura, que une, que prospera pelo bem coletivo e para a evolução da humanidade.  Que a gente se permita o cansaço, a tristeza, o fracasso, que também fazem parte da vida! Ainda bem!

 

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CYNARA BASTOS

Cynara Bastos é psicóloga e inspiradora de pessoas, que tem como missão promover a autoconsciência, permitindo que os seres humanos reconheçam seus dons e que possam, por meio deles, gerar riqueza intelectual, espiritual e financeira.

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